sábado, maio 27, 2006

Controle Populacional: o que há por trás da cortina de fumaça? - Parte IV

Após tais considerações seria conveniente - e até muito normal - perguntar-nos pelos motivos que possuem os Estados para adotar tal política de manipulação. Aqui chegamos a um ponto, porém, em que é necessário que o autor deste texto deixe bem claro que nunca, em momento algum, participou do lamentável sentimento antiamericano, tão comum entre nós. Mas a verdade é mais compulsiva que a pura idéia, e os fatos, como venho tentando demonstrar, gritam mais alto do que qualquer espécie de concepção. A realidade é aquilo que ela é, e quanto a isso podemos espernear, se quisermos, mas não podemos defraudá-la.

Em 10 de dezembro de 1974 o então secretário do Estado Norte-Americano Henry Kissinger elaborara um documento intitulado National Security Study Memorandum 200: Implications of Worldwide Population Growth for US Security and Overseas Interests (Memorando de Estudo de Segurança Nacional 200: Implicações do Crescimento Populacional Mundial para a Segurança e os Interesses Ultramarinos dos Estados Unidos), que foi entregue por meio do Conselho Nacional de Segurança americano ao presidente Gerald Ford. O NSSM 200 foi mantido como confidencial até 1980, quando a Casa Branca desclassificou o documento, que agora pode ser acessado na internet (http://www.providaanapolis.org.br/liminat.htm; http://providafamilia.org/relatorio_kissinger.htm; http://www.defesadavida.com.br/clea_fsm2002.htm).

O Relatório Kissinger afirma que o crescimento populacional dos países em desenvolvimento constitui uma ameaça à hegemonia dos Estados Unidos da América, e defende a difusão nestas regiões dos mais diversos meios contraceptivos: esterilização em massa (tanto em homens quanto em mulheres), anticoncepcionais, preservativos, leuteolíticos, auto-progesterona e DIU’s, além da criação de uma mentalidade contra famílias numerosas. Quanto ao aborto, a questão é colocada desse modo: “Nota especial: Embora os órgãos que estão participando desse estudo não tenham recomendações específicas para propor com relação ao aborto, acredita-se que as questões seguintes são importantes e devem ser consideradas no contexto de uma estratégia global de população: - nenhum país já reduziu o crescimento de sua população sem recorrer ao aborto” (NSSM 200, Pág. 182).

Neste documento também há referências ao Brasil:

"A assistência para o controle populacional deve ser empregada principalmente nos países em desenvolvimento de maior e mais rápido crescimento onde os EUA têm interesses políticos e estratégicos especiais. Estes países são: Índia, Bangladesh, Paquistão, Nigéria, México, Indonésia, Brasil, Filipinas, Tailândia, Egito, Turquia, Etiópia e Colômbia" (páginas 14/15, parágrafo 30).
"América Latina. Prevê-se que haverá rápido crescimento populacional nos seguintes países tropicais: Brasil, Peru, Venezuela, Equador e Bolívia. É fácil ver que, com uma população atual de mais de 100 milhões, o Brasil domina demograficamente o continente; lá pelo fim deste século, prevê-se que a população do Brasil chegará aos 212 milhões de pessoas, o mesmo nível populacional dos EUA em 1974. A perspectiva de um rápido crescimento econômico - se não for enfraquecida pelo excesso de crescimento demográfico - indica que o Brasil terá cada vez maior influência na América Latina nos próximos 25 anos"
(página 22).

Antes de prosseguir, entretanto, faz-se necessário um breve parêntese para esclarecer algo que vim adiando ao longo de todo o texto: ninguém confunda controle de natalidade com o chamado planejamento familiar. Este nada mais é que o dever de pensar no futuro, próprio e dos filhos, antes de trazer uma criança ao mundo. Resumindo em uma palavra: responsabilidade.

No entanto, o que se observa no quotidiano não é a ausência deste valor, e sim um excesso do mesmo. Ocorre algo parecido com aquelas pessoas que dizem frases do tipo: “você deveria ter mais alto-estima” - e os que realmente se empenham em aumentar sua “auto-estima” conseguem apenas se tornar egoístas ferrenhos. Isto quer dizer que o pêndulo está de um lado, quando as pessoas julgam estar em outro. Uma grande maioria de casais pode ter mais filhos, mas não quer – outros quinhentos, portanto. Aliás, este é o maior problema do assunto: quem pode ter crianças e dar-lhes uma vida digna não o faz, e quem não pode, faz. Mas isto, por óbvio, não justifica as campanhas massivas e a “educação sexual” (com muitas aspas) que o governo desempenha, por exemplo, nas favelas – algo que interfere diretamente na liberdade do indivíduo.

Não se pode afirmar, portanto, que a origem desse mal são os Estados Unidos ou o governo de modo genérico. O relatório Kissinger elaborou diretrizes para aplicações de verbas e o modo de criar uma nova mentalidade no povo mundial, mas este mesmo povo é formado por indivíduos que nunca puderam ou poderão ignorar a própria consciência.

Todavia, a mera leitura superficial desse documento basta para chegar-se à conclusão que os argumentos de “responsabilidade” têm uma origem muito peculiar, e que não são apenas falsos, mas o meio pelo qual se torna mais viável fazer com que a população aceite sem pensar duas vezes algo que é evidentemente estranho à sua própria natureza:

"Os EUA podem ajudar a diminuir as acusações de motivação imperialista por trás do seu apoio aos programas populacionais declarando reiteradamente que tal apoio vem da preocupação que os EUA têm com:
a) o direito de cada casal escolher com liberdade e responsabilidade o número e o espaçamento de seus filhos e o direito de eles terem informações, educações e meios para realizar isso; e
b) o desenvolvimento social e econômico fundamental dos países pobres nos quais o rápido crescimento populacional é uma das causas e conseqüência da pobreza generalizada.”
(Página 115)

Note-se ainda que as colocações do excerto acima são as mesmas utilizadas por aqueles brasileiros que hoje defendem com unhas e dentes o controle de natalidade, e, em especial, de políticos como Marta Suplicy e José Serra. Não é mera coincidência que atualmente qualquer mulher pode conseguir um anticoncepcional gratuitamente em um posto de saúde, tampouco que todos os jovens, no alistamento militar, recebam uma guia informativa sobre doenças sexualmente transmissíveis e, anexo, um preservativo (que também se pode adquirir nos postos de saúde).

O percentual de falha contra a gravidez da camisa de vênus é de 10 a 20%, de acordo com o estudo publicado na revista The Lancet em 27/11/2004, ratificado por 150 experts de 36 países, segundo o qual “os jovens devem ser informados de que o uso correto e sistemático do preservativo reduz o risco de AIDS de 80 a 90%”. Por sua vez, a OMS (Organização Mundial da Saúde) declarou que “o preservativo reduz, mas não elimina o risco de contágio do HIV. Somente a fidelidade entre um casal estável elimina o risco de contágio”. Imaginem, então, se alguém neste mundo faria um passeio a Disney Lândia na hipótese de uma em cada dez pessoas morrer durante o vôo. Não creio. Ademais, por uma simples conta matemática, conclui-se que se um indivíduo mantiver relações sexuais com um parceiro portador de AIDS por mais de dez vezes, utilizando a camisinha, a probabilidade de que adquira a doença tende a 100%, o que, de fato, é terrível e deveria ser alertado ao público. Mas é ao menos estranho que em plena era da informação poucos estejam conscientes de tais circunstâncias (...).

Ora, a distribuição das camisas de vênus, portanto, apenas mitiga a proliferação da doença, mas aumenta a promiscuidade - um dos fatores que diminuem a taxa de natalidade, pois instiga ao sexo e não às suas naturais conseqüências – e diminui consideravelmente o crescimento populacional. E ainda que se diga que estas são “questões que a ciência há de resolver”, o mesmo não se pode sustentar quanto aos anticoncepcionais mencionados acima. Isto sem falar, é claro, nas massivas campanhas de televisão e telenovelas – as primeiras instigando ao sexo “seguro”; as segundas, propondo um modelo de família com, no máximo, um par de filhos.

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