sábado, maio 20, 2006

Continuação

Observe-se, contudo, que o gráfico posto à direita oferece três conclusões alternativas, uma vez destacada a região de 0 a 34 anos – ilações estas baseadas no fato de que há uma queda abrupta do número de indivíduos na faixa que vai de 15 a 19 anos, normalizada novamente depois. A primeiras delas é que tenha ocorrido uma epidemia generalizada, dizimando parte destes jovens (esta é para rir, claro). A segunda é que houve uma época em que os pais resolveram ter menos filhos, seguida de outra época em que quiseram voltar a tê-los. Mas isto, obviamente, pressupõe uma orientação de qualquer parte, e muito provavelmente uma verdadeira campanha contra a natalidade seguida por uma outra a favor dela. A sociedade não se dispõe a ter menos bebês de modo tão repentino assim a não ser pela adesão a alguma proposta, especialmente quando isto influa em algo que interfere diretamente na intimidade do homem - o seu direito de procriação. A terceira conclusão, baseada na anterior, impõe-se no sentido de que é simples controlar a taxa de crescimento populacional, e aumentá-la ou diminuí-la quando for mais conveniente, instituindo um sistema cíclico.

A realidade é bem outra. Em 28 de fevereiro de 2001, a Divisão de População da Organização das Nações Unidas (a contra senso, uma das maiores incentivadoras do controle do índice demográfico) publicou um relatório em que prevê que aproximadamente 90 % dos habitantes do planeta viverão em países pobres e o Ocidente precisará de 100 milhões de imigrantes para manter a sua população economicamente ativa. É o que diz o documento: “atualmente, há 64 países (que têm 44% da população mundial) com taxas de fecundidade insuficientes para garantir a reposição de gerações (mínimo de 2.1 filhos por mulher). A fecundidade média mundial baixará de 2.68 (hoje) a 2.15 filhos por mulher (2050). A taxa continuará descendo nos países em desenvolvimento e subirá nos ricos, mas não o suficiente para atingir o patamar de reposição. Os países menos fecundos serão Alemanha e Itália (1.61), seguidos por Espanha (1.64) e Áustria (1.65)” (Aceprensa, maio de 2001).

O processo de elevação da taxa de natalidade é bem mais complicado e lento do que obter resultados com uma campanha de redução deste mesmo índice. O problema todo é que ninguém vai às últimas conseqüências quando se estuda este tipo de situação. O produto mediato de um controle sobre a taxa de natalidade é um grave recesso econômico que se segue a um período de fartura. Grande parte região central do segundo gráfico “sobe” até o topo (a razão principal disso é o aumento da expectativa de vida), e o que ocorre é um crescimento desproporcionado da população não economicamente ativa. Mas, quando o governo finalmente abre os olhos, já é tarde demais para frear o processo.

Outro dos postulados dos que defendem o controle de natalidade é aquele que se baseia no argumento segundo o qual na hipótese do número de habitantes de certo país elevar-se de forma descontrolada, pode não haver mais espaço para todos e, a bem dizer, a Terra já se aproximaria do limite de saturação de homens. Bem, este tipo de colocação deveria entrar para o rol de piadas do século: se fizéssemos a conta de quantos quilômetros quadrados ocupa toda a população mundial em pé, verificaríamos que este espaço é de 12.000 km², ou seja, um quadrado de lados de 110 km, o que é menor que a cidade de São Paulo (isto considerando que cada indivíduo ocupa, em pé, 2 m², o que é muito, evidentemente). No planeta, ainda há espaço “para dar e vender”.

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