terça-feira, maio 16, 2006

Controle Populacional: o que há por trás da cortina de fumaça? - Introdução

“The idea that humanity is multiplying at a terrible and accelerating rate is one of the false dogmas of our times. From that notion springs the widely held belief that unless population growth is immediately contained by every governmental and private method imaginable, mankind faces imminent disaster. These ideas form the basis for an enormous international population-control industry that involves billions of dollars of taxes as well as the full time efforts of scores of private philanthropies. Embodied in their agenda is the sort of social planning that actually mandates draconian control over families, churches and other voluntary institutions around the globe.”


(The War Against Population, Jacqueline Kasun)


Deveria causar uma certa surpresa em qualquer um o fato de que as pessoas são, por vezes, demasiadamente crédulas e, ao mesmo tempo, céticas terríveis. Pode-se vacilar diante de coisas que não são evidentes por si mesmas, porque isso faz parte do processo cognitivo humano, mas o estranho é haver indivíduos que duvidam precisamente porque crêem, sem aparentes motivos, em que a realidade é aquilo que eles acham, ainda que ela grite aos quatro ventos que não é assim. Ora, os fatos, via de regra, são mais complicados do que aparentam: explicar a trajetória dos raios solares até a Terra é mais complexo do que apenas aceitar que a luz existe. O cosmos carece desta trivialidade infantil, e a própria ciência é testemunha de que ele mais se assemelha a um emaranhado de fita cassete que queremos a todo custo desembaraçar para ouvir a música – a música dos anjos, talvez.

Ao que parece, contudo, ainda existem pessoas que negam esta asserção da mais básica obviedade, e pretendem explicar toda uma intrincada rede de acontecimentos com uma forte e ingênua idéia, colocando fora de suas considerações uma gama enorme de coisas. Com efeito, os reducionismos argumentativos exercem sobre intelecto do público incauto um forte atrativo sedutor, comumente amplificado pelo fato de que eles raramente – ou quase nunca – são elaborados em detrimento daqueles que os defendem. O próprio nazismo, caro leitor, não passou de uma burra, sedutora e – porque não dizer? – engenhosa idéia: “os culpados pela derrocada alemã foram os judeus”. A partir daí, vieram todos os horrores do holocausto.

Felizmente, entretanto, o tempo sempre se encarregou de demonstrar o absurdo de certas teorias, muitas vezes forçando a humanidade a reconhecer sua pouca inteligência. Do apartheid ao fascismo, do arianismo à União Soviética, o fato é que não podemos mais ignorar o clamor dos milhões de mortos, que nos convocam a sair de nossas ilusões. A História vem como a chuva, limpando os vidros para que vejamos com mais nitidez aquilo que antes não era possível.

Ainda assim, como é natural, se nem todos têm consciência da falsidade de certos argumentos simplórios, nem toda a cortina de fumaça que os envolve foi dissipada. Muitos deles, que tiveram nascedouro ao longo do século XX, permanecem ainda hoje como baluartes da opinião geral – dita pacífica, mas que nem sempre o é –, nada mais que a velha doxa grega. E um dos maiores exemplos pode ser encontrado precisamente nas afirmações utilizadas para justificar a necessidade do controle de natalidade, algo considerado indiscutível pela communis opinio, e que, todavia, esconde por detrás de seus raciocínios os mais diversos sofismas, simples e convincentes como os algodões doces, e como eles, frágeis ao mais leve toque de saliva. Vejamos.

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